Ex-ministro da Justiça é investigado por usar PF para impedir baianos de votarem em Lula
3 de Abril, 2023A Polícia Federal está investigando uma viagem do ex-ministro da Justiça Anderson Torres à Bahia, que ocorreu às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Torres alegou que a viagem visava reforçar o contingente da Polícia Federal no estado contra supostos crimes eleitorais, como a compra de votos. Na época, o ministro solicitou à superintendência da PF na Bahia que atuasse em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal na fiscalização das rodovias. No entanto, os investigadores acreditam que a verdadeira intenção era prejudicar a eleição do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, que é muito popular na Bahia.
A viagem foi vista com suspeita por integrantes da Polícia Federal, pois parecia fazer parte de uma estratégia maior do governo Bolsonaro para usar a máquina pública a favor de sua campanha política. Torres foi escalado por Bolsonaro para colocar em prática o plano de usar a Polícia Rodoviária Federal para pressionar eleitores a não votarem em Lula. Naquele dia, a PRF realizou várias blitze e parou veículos que transportavam eleitores em todo o país, principalmente em estados do Nordeste.
Anderson Torres, que é um dos principais aliados de Bolsonaro, estava ciente do mapa da campanha de Lula, que mostrava as regiões do país em que ele era mais forte. A viagem de Torres à Bahia foi ainda mais suspeita porque ele não tinha agenda prévia ou pauta marcada junto à superintendência da PF.
Na Bahia, Torres se reuniu com Leandro Almada, ex-superintendente da PF no estado, e outros integrantes da PF. Depois do encontro, a equipe do ex-ministro encaminhou um documento com uma lista de cidades em que o efetivo policial deveria ser reforçado – em cidades, por exemplo, em que Lula havia sido o candidato mais votado no primeiro turno.
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