Câmara de vereadores de Maracás aprova CPI para apurar denúncias de desvio de recursos na prefeitura
29 de Outubro, 2020A Câmara de Vereadores de Maracás, município situado no Vale do Jiquiriçá, aprovou na manhã dessa quinta-feira (29) a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), proposta pelo vereador Heugênio Meira, presidente da Casa, para apurar denúncias de corrupção, enriquecimento ilícito, formação de quadrilha e desvio de verbas federais do Fundo Nacional da Educação (FNE), Fundo Nacional da Saúde (FNS), atribuídas ao prefeito da cidade, Uilson Venâncio Gomes de Novaes, mais conhecido como Soya, e um grupo de secretários municipais. A proposta foi aprovada por unanimidade dos oito vereadores presentes.
A Câmara adotou essa medida depois que denúncias contra o gestor público foram protocoladas na Polícia Federal (denúncia 2020.33.28175), e no Ministério Público da Bahia (IDEA 163.9.165719/2020). No MP, as denúncias estão sendo apuradas pelo Núcleo de Crimes Atribuídos a Prefeitos (CAP).
De acordo com as denúncias, baseadas em documentos obtidos no site do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o prefeito Soya seria o líder de uma organização criminosa em Maracás, da qual fariam parte os secretários de Saúde, Educação, Infraestrutura e Finanças do município, além do gestor do Fundo Municipal de Saúde. O grupo teria desviado recursos federais no valor de quase R$ 200.000,00.
Com a colaboração de empresas e de um posto de gasolina, o grupo teria adquirido peças e abastecido veículos inservíveis e outros alienados e não mais pertencentes à frota municipal. O grupo é acusado também de comprar produtos que não servem para determinado veículo, a exemplo de “abastecer” caminhão movido a diesel com gasolina.
Os veículos descritos nas notas fiscais, de placa policial JMJ-5262, JSW-4094 e OUH-1271, de propriedade do Município de Maracás, encontram-se na garagem central da municipalidade, todos absolutamente inservíveis. Destaca-se ainda o veículo de placa policial JMJ-5062 (Caminhão Pipa), movido a diesel mas abastecido com gasolina, o que é incompatível.
Os documentos encaminhados ao MP e à PF mostram que o veículo de placa policial JSW-4094, descrito nas notas fiscais como sendo uma ambulância operacional em plena atividade, é na verdade um veículo velho, em estado de sucata. Documentos mostram a aquisição de peças e combustível para o veículo de placa policial OUH-1271, com recurso do FNS. Mas esse veículo está fora de atividade, danificado e em estado de perda total.
As denúncias detalham que o grupo acusado teria utilizado recursos federais para abastecer o veiculo de placa policial JMJ-5041, uma caçamba F-11000, no ano de 2018. O detalhe é que esse veículo foi alienado em hasta pública, conforme aviso de leilão nº 4/2014, publicado no Diária Oficial do Município, no dia 11 de novembro de 2014, não pertencendo mais à frota do município de Maracás.
Vídeos com essas denúncias circularam nas redes sociais e provocaram manifestação do prefeito. Em nota, Soya classificou os vídeos como fakes, negou as acusações, e afirmou que “tentam a todo custo abalar a minha imagem sem nada comprovar, pois sabem que a minha honestidade, a minha conduta irretocável, o meu caráter e cuidado extremo com os recursos públicos são irrenunciáveis”.