Bolsonaro diz que morte de voluntário e suspensão de estudo com vacina que pode salvar milhões é vitória pessoal
10 de Novembro, 2020O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (10) em uma rede social, ao comentar a suspensão dos testes da vacina CoronaVac, que o episódio é mais um em que “Jair Bolsonaro ganha”.
No mesmo post ele citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A vacina CoronaVac, uma das que buscam a imunização contra o coronavírus, é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, instituição pública vinculada à Secretaria de Saúde de São Paulo.
Bolsonaro e Doria divergem desde o início do ano sobre as medidas contra a pandemia e se tornaram adversários políticos declarados.
A suspensão dos testes foi ordenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na segunda-feira (9). A Anvisa apresentou como justificativa a ocorrência de um “evento adverso grave” nos testes, mas não especificou qual.
“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu Bolsonaro. O presidente respondeu o comentário de um usuário que perguntou se o Brasil compraria a vacina CoronaVac se a Anvisa atestasse a segurança do produto.
Morte de voluntário
Um voluntário dos testes, de 33 anos, morreu nos últimos dias. Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, a morte não ocorreu por causa da vacina.
Covas afirmou também ter recebido com estranheza a notícia da suspensão temporária dos testes em humanos da CoronaVac no Brasil.
“Em primeiro lugar, a Anvisa foi notificada de um óbito, não de um efeito adverso. Isso é diferente. Nós até estranhamos um pouco essa decisão da Anvisa, porque é um óbito não relacionado à vacina”, afirmou o diretor do Butantan.
Ele disse ainda que, como na atual fase de testes há 10 mil voluntários, mortes não-relacionadas à vacina podem ocorrer.
“Como são mais de 10 mil voluntários nesse momento, podem acontecer óbitos. Nesse momento, [o voluntário] pode ter um acidente de trânsito e morrer. Ou seja, é um óbito não relacionado à vacina. É o caso aqui. Ocorreu um óbito que não tem relação com a vacina”, disse Dimas Covas para a TV Cultura.
Do G1
Foto: Marcos Corrêa/PR