Covid: Hospitais particulares de Salvador também começam a enfrentar dificuldades para atender demanda
22 de Fevereiro, 2021Nem quem tem plano de saúde está a salvo das filas nas unidades de saúde. A operadora de marketing Renata Alves, 32 anos, demorou quatro horas para ser atendida no Hospital Aeroporto, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Mesmo com sintomas, ela não fez o teste RT-PCR para detectar o novo coronavírus e foi liberada sem medicamento para tosse, cansaço e dor de cabeça.
Ela foi, então, buscar tratamento no Hospital São Rafael na última quinta-feira (18). Chegou às 17h e só foi para o leito às 23h.
“O São Rafael estava superlotado, tinha muita gente doente. Está caótica a situação. As alas de internamento não têm mais vagas, as pessoas ficam esperando para subir para UTI, esperando que alguém faleça. O caso é triste. E as pessoas estão achando que está tudo normal”, desabafa.
A autônoma Nathana Cavalcante, 28, de Simões Filho, também procurou atendimento no Hospital São Rafael e esperou quase seis horas por um leito: “Cheguei por volta de 14h, fiz a ficha, e só fui chamada lá para 19h para ir para o leito. Saí de lá era quase meia-noite e tinha gente que estava lá desde 9h, meio-dia esperando ter leito para entrar. Quanto mais tarde ficava, chegava mais gente passando mal, mais idosos, mais gente vomitando, em cadeira de rodas. Foi uma situação desesperadora”.
A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindsaúde), Ivanilda Brito, confessa que a situação dos hospitais na Bahia agora é pior do que no início ou no pico da primeira onda.
“A procura aumentou e está muito pior. A buscativa por UTI é grande e não está tendo UTI, elas estão todas cheias, e mesmo aqueles casos mais graves estão com dificuldade de encontrar, demora um pouco. A gente fica muito preocupado porque não podemos chegar ao que chegou Manaus”, alerta Ivanilda.
O Hospital Santa Izabel disse que, desde a semana passada, restringiu a realização de cirurgias menos complexas, priorizando as cirurgias oncológicas, procedimentos cardiovasculares graves e as urgências de nosso Pronto Atendimento. “Convertemos leitos com o objetivo de ampliar o atendimento tanto de terapia intensiva quanto de enfermaria. Hoje, foi registrada a preocupante taxa de 86% de ocupação dos leitos de terapia intensiva e enfermaria, observando que o movimento do nosso PA continua intenso. Prosseguiremos nesta mobilização conjunta com nosso Corpo Clínico e toda a nossa equipe profissional para atender à população com qualidade, segurança e resolutividade”, informou.
Do Correio
Foto: Carol Garcia/GOVBA