Para preservar Jerônimo, Lula não deve autorizar intervenção federal na Bahia no curto prazo

As movimentações em Brasília parecem indicar que o presidente Lula e o Ministério da Justiça conversaram sobre a violência na Bahia e a possibilidade de uma intervenção federal na segurança pública do estado. O pedido de intervenção foi feito pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB).

De acordo com o site Política Livre, em seu pedido o parlamentar baiano destacou a necessidade de “medidas urgentes para conter a situação”. Ao justificar o requerimento, Pablo Roberto citou a presença cada vez mais frequente da criminalidade em todas as áreas do estado. Além disso, o legislador apontou a ocorrência constante de assaltos a ônibus e ataques incendiários a veículos do transporte público como indicativos preocupantes da situação atual. No texto, ele enfatizou a necessidade de expandir políticas sociais que afastem indivíduos inocentes do ciclo da criminalidade, algo que, segundo o parlamentar, não está sendo adequadamente realizado pelo governo estadual.

As chances de uma intervenção, entretanto, são baixas. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, que também é do PT, rechaça a ideia. “Quando alguns arriscam falar dessa forma, lembra que a gente coloca a população em cheque, em risco de insegurança, não é bom para gente”. Questionado se discutiu com o presidente Lula e o ministro Flávio Dino sobre a possibilidade de receber apoio da Força Nacional, ele desconversou e disse que a inteligência da polícia está funcionando.

Se Lula decidisse enviar ajuda federal à Bahia, estaria colocando sob os holofotes uma suposta incapacidade do governo baiano de lidar com o problema. Seria ruim para o próprio Partido dos Trabalhadores e ainda pior para Jerônimo. A decisão, entretanto, não é simples, já que a violência no estado – e em Salvador, em particular – está tão intensa que veículos de imprensa nacionais, como a TV Globo e a Folha de São Paulo, estão repercutindo os casos para todo o País, o que pode arranhar a imagem do presidente.

De acordo com o jornal Correio, os ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) foram consultados pelo presidente Lula (PT) sobre o quanto a onda de violência pode afetar a imagem do governo federal no estado.

Foto: Feijão Almeida