Às escuras: estado brasileiro entra no terceiro dia sem energia elétrica; há filas em postos de gasolina e procura por água potável
5 de Novembro, 2020O Amapá chega nesta quinta-feira (5) ao terceiro dia de apagão, com falta de energia em 14 dos 16 municípios do estado. O problema já impacta o atendimento de serviços básicos como comércios, telecomunicações e bancos. Não há previsão para o serviço ser restabelecido.
Desde as primeiras horas desta manhã, estabelecimentos que têm gerador de energia, como postos de combustível e supermercados, estão com grandes filas, algumas com mais de um quilômetro. As pessoas também tentam estocar água potável e lotam locais que vendem água mineral.
A falha afeta o funcionamento das redes de telefonia fixo, móvel e de internet, que funcionam de maneira limitada. Hospitais funcionam por meio de geradores. A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) informou que “um problema na linha de transmissão do Sistema Interligado Nacional causou a interrupção do fornecimento de energia no estado” e que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) investiga as causas do problema.
Apagão afeta 13 dos 16 municípios do Amapá
Quatorze dos 16 municípios do Amapá, incluindo a capital Macapá, continuam sem energia elétrica desde o incêndio que atingiu uma subestação localizada na Zona Norte da capital, por volta de 20h30 de terça-feira (3). Apenas Oiapoque, no extremo Norte, e Laranjal do Jari e Vitória do Jari, no extremo Sul, têm eletricidade, pois são atendidas por outro sistema.
De acordo com a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), não há previsão para o restabelecimento do serviço.
Hospitais
Os principais hospitais do estado, entre eles o Hospital das Clínicas (HC) e o de Emergências (HE), estão sendo alimentados com geradores à óleo diesel.
A única maternidade pública do estado, no Centro de Macapá, chegou a ficar sem energia. De acordo com informações de funcionários, são 18 bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.
As unidades hospitalares também estão sem água. O governo estadual informou que está fazendo a captação em poços para garantir o abastecimento a pacientes, acompanhantes e corpo médico.
O HE, principal pronto-socorro da capital, precisou interromper cirurgias porque ficou momentaneamente sem óleo diesel para os geradores.
Comércio e serviços
Donos de estabelecimentos comerciais reclamam de prejuízos, principalmente com a dificuldade para acondicionar alimentos perecíveis.
Farmácias e lojas que operam com sistemas ligados a internet, estão com os atendimentos comprometidos. Postos de combustível, que ainda seguem funcionando em Macapá, estão com filas. Os sites oficiais vinculados ao governo do Amapá estão fora do ar desde o início da manhã. Alguns bairros de Macapá também estão sem o fornecimento de água.
Após mais de 16 horas da suspensão do fornecimento, lojas, farmácias, comércios e postos de combustíveis, que dependem da eletricidade e internet, não realizam atendimentos.
Além disso, donos de panificadores já preveem o prejuízo com alimentos estragados devido a não refrigeração.
O problema também prejudicou a rotina de profissionais de diversas áreas. O enfermeiro Ronan Melo, de 34 anos, se atrasou ao trabalho devido à espera de uma hora para abastecer em um posto de combustíveis no Centro de Macapá. Ele não escondeu o aborrecimento.
“A gente fica sem comunicação. Principalmente hoje, que a gente depende muito da comunicação. A gente não sabe o que tá acontecendo, não tem informações de que horas vai voltar a energia, quando vai voltar, se volta hoje ou não. É uma chateação desse transtorno que a gente tá passando”, relatou.
Em uma farmácia no comércio da capital, os funcionários iniciaram o serviço sentados na frente do estabelecimento. Sem energia e internet, não há como realizar as vendas, contou a gerente.
Entre uma oscilação e outra de energia durante o apagão que acometeu o Amapá, macapaenses têm buscado alternativas para utilizar eletricidade nesta quarta-feira (4). Em locais que possuem gerador, como shoppings e o aeroporto, pessoas usaram as tomadas para recarregarem os celulares.
Moradores de conjuntos populares de Macapá ficam sem água e energia
O apagão também provocou falta de água nos conjuntos habitacionais de Macapá nesta quarta-feira (4). Sem eletricidade, a comunidade não tem como acionar a bomba que abastece os apartamentos.
No residencial São José, no bairro Buritizal, na Zona Sul, moradores precisaram buscar o líquido no reservatório de água do local. Mas o que foi obtido é apenas para serviços básicos, como a lavagem da louça e cozimento de alimentos, devido a não segurança ao consumo.
Os microempreendedores do local também foram prejudicados. Foi o caso da Rafaela Oliveira que trabalha com a venda de açaí no residencial. Ela passou a manhã carregando baldes com água para utilização nos afazeres domésticos.
“Fica difícil para gente trabalhar. As louças todas sujas, como eu vou trabalhar se não tenho água e nem luz? É muito triste, eu moro no 3º andar e tenho que ficar carregando água. Meus filhos tiveram que ir para casa da avó porque não tem como tomar banho, fazer comida”, relatou.
Do G1
Imagem ilustrativa: Pixabay