GOLPE MILITAR: BASTIDORES DA TENTATIVA DE BOLSONARO DE INVADIR O STF
5 de Agosto, 2020Já é famoso o vídeo em que o o deputado federal Eduardo Bolsonaro disse que bastariam um cabo e um soldado para fechar o STF. Isso foi em 2018 e, na época, o filho do presidente disse que não disse o que havia dito no vídeo.
O então candidato Jair Bolsonaro também se pronunciou, na ocasião. “Se alguém falou em fechar o STF, precisa de um psiquiatra”, afirmou.
Essa é uma frase que parece ter envelhecido mal. A revista Piauí teve acesso a informações de bastidores que revelam uma reviravolta na postura do presidente que, agora, parece estar mais alinhado à ideologia pouco democrática de seu filho.
De acordo com a publicação, no dia 22 de maio de 2020 Bolsonaro decidiu dar um golpe militar e invadir o STF com mais do que um cabo e um soldado. A ideia era que tropas do Exército destituissem os 11 ministros, que seriam substituídos por nomes indicados por ele, como os chavistas fizeram na Venezuela.
– Vou intervir! – disse.
O motivo da intervenção foi a decisão do ministro do STF, Celso de Mello, de consultar a a Procuradoria-Geral da República para saber se deveria ou não mandar apreender o celular do presidente e do seu filho, Carlos Bolsonaro. Era uma formalidade de rotina, decorrente de uma notícia-crime apresentada por três partidos.
Durante a reunião que discutiu o golpe militar Bolsonaro também confessou que iria se recusar a entregar seu celular, caso houvesse decisão judicial nesse sentido, se colocando acima da lei.
– Vou intervir! – repetiu.
A decisão de Bolsonaro de dar um golpe fatal na democracia brasileira teve o apoio, de acordo com a Piauí, do general Luiz Eudardo Ramos.
Presidente foi convencido a não convocar as forças armadas
Bolsonaro foi convencido a não ordenar a intervenção militar. O principal motivo para a desistência foi o argumento de que não havia, ainda, ordem para apreender seu celular, apenas uma consulta do STF.
Ao invés de usar armas e tanques, Bolsonaro decidiu – felizmente – apenas ameaçar o STF. Em nota pública assinada pelo general Heleno, o governo disse que o pedido de apreensão era “inconcebível e, até certo ponto, inacreditável” e consistia em “uma afronta à autoridade máxima” do presidente.
Encerrava o texto curto com um aviso ameaçador: “O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.”
*Com informações da revista Piauí.
(Foto: reprodução Facebook)