Opinião | Pablo Barrozo e a velha arte de dizer sem dizer

Opinião | Pablo Barrozo e a velha arte de dizer sem dizer

28 de Abril, 2025 Não Por admin

Pablo Barrozo fez o que se espera de um político que pretende disputar as eleições sem se queimar antes da hora: não respondeu. Em entrevista ao BNews, desconversou sobre uma possível candidatura e preferiu dizer que o foco é “dar um gás novo” na Secretaria da Agricultura. Um clássico.

É evidente que Barrozo não aceitou o convite apenas para administrar políticas públicas no campo. Ele aceitou porque sabe que visibilidade e gestão caminham lado a lado em qualquer projeto eleitoral. Principalmente num estado como a Bahia, onde o interior — de onde ele vem — pesa no cálculo das urnas.

Ao dizer que não discutiu política e que não tratou da regra de Jerônimo Rodrigues sobre secretários-candidatos, Barrozo adota a tática do “deixa quieto”. Finge que o assunto não é relevante, enquanto constrói, silenciosamente, o terreno para a largada em 2026.

Essa postura revela mais do que simples cautela: revela ambição. E revela também que, dentro do governo, a promessa de Jerônimo de blindar o secretariado de interesses eleitorais já virou letra morta. A nomeação de Barrozo é, no fundo, uma admissão de que, em política, o discurso da ética e da “nova forma de governar” só dura até o primeiro jogo pesado começar.

Se vai dar certo? Depende. Barrozo precisará, nos próximos meses, entregar resultados palpáveis e construir pontes com quem decide eleição: prefeitos, vereadores e lideranças locais. De boas intenções e discursos técnicos, as urnas estão cheias.

Uma coisa, porém, é certa: quem ainda acha que Pablo Barrozo é só mais um secretário técnico, não entendeu o que está em jogo.

Foto: reprodução Instagram